*ATUALIZADA às 18h20min do dia 15 de janeiro
A prefeitura de Santa Maria divulgou na noite desta terça-feira uma nota sobre o surto de infecção intestinal na cidade. De acordo com os exames feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) e pelo Laboratório de Referência Nacional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), duas bactérias foram a causa da morte de Antônia Pradie Borchardt, 5 anos, e Murilo Brasil Brum, 4 anos. Entretanto, ainda não se sabe a origem dessas bactérias. Veja a nota aqui.
Reunião discutiu se escola do Sesi vai ter aulas ou não a partir de fevereiro
Os exames foram coletados em 6 pessoas que apresentaram casos mais graves. Por enquanto, o resultado de 3 pacientes deu positivo para a presença de bactérias patogênicas. Além do Murilo e da Antônia, a prima da menina, que esteve em isolamento no Hospital Casa de Saúde, e que também foi contaminada pela bactéria que causou a morte da Antônia.
No menino, o agente bacteriano identificado foi a Escherichia coli. Essa bactéria já faz parte da flora intestinal humana, mas a encontrada em uma das amostras produz uma toxina que é mais patogênica e, frequentemente, encontrada na carne bovina, podendo levar a óbito.
Já a segunda bactéria identificada, presente nos exames das duas meninas, foi a Campylobacter jejuni. Essa é uma bactéria encontrada na carne de aves e é mais difícil de a cultura ser desenvolvida, o que dificultou a testagem das amostras. As duas bactérias são raras para o desenvolvimento de surto, indicando que Santa Maria pode vir a ser o primeiro município do Rio Grande do Sul a ter sido acometido por um surto com essas patogenias, conforme a prefeitura. Os testes ainda continuam sendo realizados.
MP abre procedimento para apurar mortes por infecção em Santa Maria
Segundo o secretário de saúde, Francisco Harrisson, cada exame das crianças apresentou apenas uma dessas bactérias, ou seja, um surto misto.
- Não é que foi encontrado em alimentos, mas a maioria das vezes é. Acredita-se que pode ser contaminação por alimentos ou fecal-oral. Alguém poderia estar com a bactéria e contaminou outro. Esses exames afastam ainda mais a suspeita de ser da água. Foi descoberta a causa da morte, mas não a origem do surto, onde e como foi a contaminação - explica o secretário.
Conforme a nota, até agora foram 487 pessoas expostas ao surto, 41 casos de infecção intestinal, 6 internações e dois óbitos. O último caso registrado teve início de sintomas no dia 8 de janeiro. O surto será monitorado por 30 dias até que não se registre mais nenhum caso.
VÍDEO: familiares de crianças que perderam a vida após infecção fazem apelo
A Vigilância em Saúde do Município terá de ser notificada caso qualquer pessoa dê entrada em unidade de saúde pública ou privada com vômito, diarreia e/ou dores abdominais e que tenha algum tipo de relação com a Escola de Educação Infantil do SESI. O telefone para contato é o (55) 3921-7154 e (55) 99167-4185 ou ao Disque Vigilância 150 da SES/RS.
Além disso, a população deve seguir com as medidas gerais de prevenção de doenças de transmissão hídrica e alimentar (veja abaixo).
A prefeitura trabalha na elaboração de um termo de cooperação com o Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para a realização de uma técnica de diagnóstico biomolecular em que seriam examinadas as amostras de pessoas ligadas à escola e que tiveram os sintomas.
Medidas de prevenção:
- Lavar bem as mãos com sabonete/sabão antes do preparo dos alimentos, sempre que interromper a atividade de preparo, e após;
- Lavar bem as mãos após uso do banheiro e troca de fraldas;
- Lavar frequentemente as mãos das crianças com sabonete/sabão, sobretudo após o uso do banheiro;
- Manter os alimentos refrigerados, abaixo de 5ºC, ou aquecidos acima de 70ºC;
- Consumir somente água potável/tratada;
- Consumir alimentos crus como vegetais folhosos, frutas e legumes, somente após a lavagem mecânica retirando todas as sujidades, seguida do uso de solução clorada;
- Consumir alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite, mel, etc.) somente com registro no órgão sanitário competente;
- Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados;
- Utilizar utensílios (tábuas, talheres e recipientes) diferentes para produtos crus e cozidos;
- Não ingerir carnes cruas ou mal cozidas (abaixo de 70 º C);
- Manipuladores que apresentarem sintomas gastrointestinais não devem manusear alimentos.